Foi com alguma surpresa que vi a primeira parte do encontro de ontem.
Nāo esperava tanto do Man United, honestamente.
Ou esperava muito mais do Arsenal, talvez.
Apesar da 2a parte ter demonstrado menos Man United e mais Arsenal, em termos de jogo, a diferença nunca foi abismal.
Como devia ser.
O Arsenal apostar as suas fichas em Cantos é redutor para uma equipa de qualidade, parece-me.
E pareceu-me um Arteta claramente alerta, nervoso e em simultâneo ansioso por esses momentos no Jogo.
Sabe que claramente sāo fortes nesse momento e criam movimentos de bloqueio que só na Premier League sāo autorizados.
Jogam com o sistema, faz parte.
Ou, talvez, esteja só a ser injusto e biased.
O United, por seu lado, teve mais bola na 1a parte, mas nunca conseguiu criar muitas situaçōes de perigo.
A parte defensiva está claramente a ser melhorada, principalmente na primeira fase de pressāo quando Rasmus Højlund está em campo, mas a parte ofensiva ainda precisa ser melhorada.
O recurso ao passe para trás acontece de forma regular e, com tempo, irá melhorar e os atletas irāo sentir-se mais cómodos para encontrar colegas melhor posicionados.
Aliás, nota-se ainda algum desconforto da parte de alguns jogadores nos apoios que sāo necessários para o jogo fluir.
Nomeadamente dos jogadores da frente, que servem (muitas vezes, neste sistema) como pontes de ligaçāo para que o jogo seja jogado de frente pelos médios e alas, permitindo que recebam a bola também de frente, numa segunda fase e mais perto da baliza.
Veja-se o primeiro golo sofrido, que nasce de uma bola infantilmente perdida por Garnacho, a quantidade de bolas perdidas por Zirkzee, etc.
Para nāo falar da origem do segundo golo sofrido, na tentativa de Rashford de fazer um pontapé de bicicleta e que termina por entregar mais um canto ao Arsenal FC…
Enfim, vai ser preciso tempo (e dinheiro, como tanto tenho referido aqui) para assistirmos ao tal “jogar de olhos fechados” que Amorim falava dos seus atletas no Sporting CP.
Para finalizar, algumas notas soltas:
Harry Maguire teve uma estreia (sob Ruben Amorim) muito positiva.
De Ligt e Mazraoui estāo a melhorar a conhecem cada vez melhor o que precisam fazer.
Ugarte, neste sistema, é um craque.
Bruno vai ser (muito) prejudicado, enquanto nāo chegarem reforços para a dupla do meio-campo. A equipa precisa da sua qualidade mais perto da área, com maior liberdade ofensiva, mas por enquanto, a necessidade de ter um outro elemento que ajude Ugarte é fundamental no seu equilíbrio.
Højlund tem uma oportunidade de ouro para se tornar um caso muito sério.
Garnacho, Mason Mount, Zirkzee sāo bons atletas, mas nāo seriam titulares em nenhuma grande equipa e, portanto, nāo devem ter espaço no 11 do Manchester United.
Por último, Rashford.
Nāo sendo um talento à escala global, é um caso diferente.
Neste momento, apesar dos golos que tem marcado, claramente forçados pela forma de jogar de Amorim, com tantos jogadores dentro da área, é um jogador que parece claramente desinteressado.
Ontem, por exemplo, nāo existiram momentos em que, na fase de construçāo (mesmo que ela fosse feita em espaços mais avançados do terreno) algum dos avançados centros forçasse o seu posicionamento na lateral, dando o espaço interior ao ala, seja com Mount-Dalot (ou depois Mount-Amad) ou no lado oposto com Malacia-Garnacho (ou depois Dalot-Garnacho).
Isto até entrar Rashford, que forçou esse posicionamento algumas vezes, obrigando Dalot a navegar por terrenos interiores, onde tem demonstrado mais dificuldades em fazer uso das suas boas capacidades e colocando-o como um playmaker que nāo é, para que pudesse estar onde julga ser realmente bom, na lateral a enfrentar o defesa de frente.
No entanto, em 31 minutos no campo, as estatísticas indicam que tentou o drible e passou ZERO vezes, fez ZERO cruzamentos com sucesso, perdeu 6 vezes a bola, teve ZERO duelos ganhos, e uma taxa pouco superior a 80% de passes certos, quase todos para trás.
Ruben viu.
E, neste momento, é principalmente isso.
Ver e analisar.
Quem quer e nāo quer.
Provavelmente falar, voltar a dar oportunidade, e ver resultados.
Ou nāo.
De qualquer maneira, em termos globais, gostei mais do Man United do que do Arsenal em jogo jogado, proposta de jogo ofensivo e defensivo.
E isso é uma pena, para Arteta.
O Futebol acaba sempre por nos mostrar uma realidade que desconhecíamos, mas julgo ser difícil que Ruben volte a perder frente a Arteta.
Ou, talvez, esteja só a ser injusto e biased.

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