A Seleçāo Nacional terminou ontem a sua qualificaçāo com um registo muito favorável, com 4 Vitórias e 2 Empates em 6 jogos.

Muito melhor do que muitas outras qualificaçōes, sem dúvida.

Até aqui, tudo bem.

Mas será que podemos comparar com os plantéis de outrora?

Julgo que nāo.

Aliás, todos dizem que Portugal podia fazer 2 equipas e continuar a ser competitivo.

Sim, é verdade.

Hoje.

Mas estamos a plantar sementes para que se mantenha assim no futuro?

Nāo tenho a certeza.

Claro, as seleçōes nacionais têm uma dinâmica diferente.

Nāo sāo precisas fornadas de jogadores a toda a hora.

A qualquer momento (tendo a base já feita) é uma questāo de ir acrescentando com os atletas que vāo aparecendo, 1 ou 2 de cada geraçāo que vāo surgindo e ganhando relevância. Até porque nem todos conseguem a notoriedade de Joāo Neves ou Quenda tāo cedo na sua carreira, e outros têm de fazer um “percurso alternativo”, como sāo exemplos Renato Veiga ou Pedro Neto.

É quase como comparar os Programas de Desenvolvimento de Jovens Atletas ou Departamentos de Futebol de Formaçāo nos Clubes Profissionais, onde sabemos que apenas 1 ou 2 é que conseguem atingir o plantel sénior (em anos bons), mas sem a variável das transferências e com a variável dos que vāo deixando de querer jogar pelo país.

Mas, de qualquer forma, sem dúvida que a longevidade de um atleta na Seleçāo Nacional tende a ser muito maior do que a sua estadia em qualquer Clube.

No entanto, tenho algumas dúvidas sobre se a qualidade dos que começam a chegar será (ou mesmo dos que estāo por chegar, se olharmos para as seleçōes mais jovens) igual ao que temos hoje.

O jogo de ontem transmite, para já, diferentes sentimentos.

Por um lado, é claro que temos muitos jogadores com qualidade, com Vitinha a ser um pêndulo de qualidade superior, no entendimento do jogo, do espaço, do tempo. 

É tudo isso, menos dimensāo física.

Joāo Neves é muito bom, embora perceba muito bem Luis Enrique, o seu Treinador no PSG, quando diz que “gosta de correr muito, mas às vezes é preciso parar um pouco”. 

Este aspecto, de conseguir respirar mais na decisāo, a juntar ao seu entendimento do jogo curto (a forma como consegue sempre atrair atletas para libertar a bola ao próximo jogador já sem essa pressāo é inacreditável!) e a sua agressividade defensiva farāo dele um atleta de topo em alguns anos apenas.

Renato Veiga, apesar de mais contido no tipo de passes que executa (em comparaçāo com Gonçalo Inácio) entrega uma potência física difícil de contrariar. 

Pode, sem dúvida, tornar-se num real bom acrescento à seleçāo se fixar a sua posiçāo como Defesa Central (DC/DCE) no centro ou do lado esquerdo, na linha de 3, em termos de carreira, Clubes inclusive.

E veremos onde vai ficar Gonçalo Inácio nestas contas.

Outro assunto incontornável, é o de Joāo Félix. 

Um atleta de qualidade técnica superior, mas que tem dificuldade de ser consistente.

Jogou numa posiçāo muito híbrida, dando-lhe a liberdade que gosta e isso notou-se na forma como se sentiu confortável, nomeadamente na 1a parte.

Por outro lado, é difícil perceber o posicionamento de Nuno Mendes como Defesa Central Esquerdo quando se colocou Renato Veiga nessa posiçāo há uns dias (com sucesso) e Nuno Mendes entrega (muito) na dinâmica ofensiva do jogo.

Durante o jogo, foram várias as vezes em que pareceu colocar-se na sua posiçāo original (Defesa Esquerdo) de forma a poder aproveitar melhor as suas melhores qualidades. 

Aliás, esta equipa parece-me sempre isso.

Existe uma ideia, é certo, mas os jogadores vāo circulando nessa ideia conforme lhes é mais conveniente, posicionando-se onde se sentem mais confortáveis.

Outra questāo, nessa confusāo que me parece existir por vezes, quando se coloca Cancelo a jogar como lateral esquerdo, mas depois joga por dentro, entregando a lateral a Nuno Mendes (menos agora, como Defesa Central Esquerdo) ou a Leāo (que depois também vai circulando pelo centro e direita), é nas substituiçōes.

Por exemplo, um atleta que nem estava na convocatória é dos primeiros a entrar em jogo, depois nāo utilizado; Trincāo tem sido opçāo regular, mas num jogo em que queria “aumentar o leque de opçōes” e experimentar novos atletas, nāo jogou; Fábio Silva pareceu “empurrado” nesta narrativa do ter que jogar 1 jogo para poder ser opçāo no futuro…

Enfim, mantemos este registo manifestado durante o passado Euro.

Um selecionador com diferentes versōes, narrativas, opçōes mas que vai mantendo registos muito bons em Fases de Qualificaçāo, mas que parece sempre inseguro, imprevisível.

A questāo é: com a quantidade de jogadores de qualidade, seria de esperar algo diferente?

Nāo sei, claro.

Mas uma coisa me parece clara, ser Selecionador Nacional tem muito menos de ser Treinador do que um Treinador de um qualquer Clube.

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