Já falamos sobre o tema aqui, no passado, na sua origem, foco, influência e benefícios da Periodização Tática (PT), no Futebol.
Agora, falando em Desenvolvimento Juvenil, há elementos que podem (e devem) ser considerados na abordagem dos princípios da Periodização Tática (TP) nestas fases mais jovens.
Para começar, contextualizando, a PT é uma abordagem inovadora que integra o Treino Técnico, Físico e Tático, preparando os jogadores para um “Modo de Jogar” guiado e pré-definido.
Portanto, os mesmos Princípios são (em teoria) facilmente aplicáveis quando o objetivo principal é utilizá-los para melhorar o Desenvolvimento de Jogadores nas Academias de Futebol Juvenil.
Ao focar em objetivos táticos específicos durante as sessões de treino, os Treinadores podem criar um ambiente o mais parecido possível com o de Jogo, permitindo que os jogadores entendam as nuances do Jogo, enquanto desenvolvem simultaneamente as suas capacidades físicas e técnicas.
A partir daqui, podemos compreender a necessidade de criar situações de jogo, desde Jogos Reduzidos (em inglês, Small-Sided Games ou SSG) até exercícios mais condicionados que promovam igualmente ganhos no Conhecimento do Jogo, ao mesmo tempo que criam a tempestade perfeita para o desenvolvimento Técnico e Físico dos jogadores.
Reforço, ainda, que esta Metodologia incentiva os jogadores a pensar criticamente em campo, tomando constantemente decisões que se traduzam em situações reais à ideia do que será o Jogo.
E este é, provavelmente, o grande diferencial desta Metodologia, uma vez que foca no Conhecimento do Jogo, criando múltiplas situações para que o processo de tomada de decisão seja um elemento central da aprendizagem.
A implementação da Periodização Tática ajuda a cultivar não apenas atletas habilidosos do ponto de vista técnico, mas também jogadores inteligentes que se podem adaptar a vários cenários, táticas, formações, etc.
Esta é a abordagem que cria os jogadores totais (em inglês, global players) que temos agora com mais regularidade que nunca. Ou seja, sāo aqueles atletas que, mesmo actuando preferencialmente numa posição específica, têm uma noção clara das funçōes de todas as posições em campo.
Ao adotarmos esta abordagem, preparamos os nossos jovens talentos para desafios futuros, garantindo que sejam indivíduos completos dentro e fora do campo.
Por outro lado, numa perspetiva a melhorar, como área de desenvolvimento dentro da Academia e eventualmente nesta Metodologia de Formação, o canto das competências sociais é algo que não é profundamente analisado e direcionado.
Embora o Futebol, como todos os desportos colectivos, crie automaticamente um ambiente que promove competências sociais, interacções de pessoas de diferentes origens e influências, esta é uma área que necessita de um cuidado e atenção eficazes por parte de cada Academia, fornecendo a quantidade certa de informação e incentivo para todos envolvidos.
Por último, considerando que os Jogos Reduzidos podem ser um assunto muito intimidante de abordar, gostaria de esclarecer o seguinte: é simplesmente a forma mais fácil de replicar os aspectos do futebol de rua que todos dizemos sentir falta!
Existe, nestes exercícios, uma mescla entre espaços menores, números menores, foco técnico individual forçando múltiplos toques na bola ao mesmo tempo que se promove o espírito de equipa, a comunicação e o trabalho.
Dessa forma, sāo criados, principalmente, múltiplos e diversos cenários para a tomada de decisões.
E todos estes aspetos sāo fundamentais e tornam-se características pilares para um desenvolvimento mais rápido.
Além disso, do ponto de vista dos Treinadores, o factor educacional ou de ensino aqui é mais fácil de abordar, tornando a sua entrega mais eficaz. Naturalmente, uma vez que a informação é entregue a um número reduzido de jogadores, em vez de um número maior de jogadores quando em formatos e espaços maiores, as chances de repasse corretamente são maiores.
No entanto, como em tudo, existem limites para esses exercícios.
Para começar, com o realismo dos Jogos Reduzidos, pois será difícil replicar inteiramente as situaçōes de um 2×2 em treino para um 7×7 ou 11×11 em regimes Oficiais.
Em segundo lugar, embora exista um elemento de envolvimento da equipa, é verdade que o foco está no individual, na sua tomada de análise e decisāo, com todos os prós e os contras dessa abordagem.
Finalmente, em consequência do acima mencionado, uma vez que o elemento individual é crucial para o desenvolvimento do exercício, a intensidade pode variar imensamente e pode tornar-se subjetiva aos jogadores que o executam.
Portanto, muito cuidado na hora de implementar, certificando-se de que os seus objetivos e planeamento de feedback estejam bem estruturados, aproveitando o processo que esse tipo de jogo promove no desenvolvimento dos atletas.
Se puder ajudar no desenvolvimento das vossas sessōes, ou simplesmente para falarmos sobre este tema, disponham.
Estou sempre disponível para discutir este tema!

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