Por momentos, quando olhei para o 11 inicial do jogo frente à Turquia, pensei: “Será que o Martinez viu o último texto?” 

Certamente que nāo, mas a sua experiência (e a sua restante Equipa Técnica) conseguem absorver esta e muito mais informaçāo. Principalmente, aquela que é invisível a todos nós que só temos acesso ao Jogo – o Treino, os momentos de partilha no balneário, a sensibilidade das relações só perceptível a quem está por dentro do grupo.

Talvez, o trabalho de Selecionador seja muito por aí, acima da vertente tática, por exemplo, por muito importante que seja (e é). Mas, jogadores de top, conseguem também absorver toda a informaçāo de forma muito mais rápida e eficaz!

Bom, mas voltando ao jogo, Portugal apresentou aquele que é o 11-tipo mais perto daquele que foi utilizado na Fase de Qualificaçāo para este Euro. 

Mais do que isso, as premissas alteraram-se para este jogo. A saber:

  • Assume-se que podem existir Transições perigosas, logo entra Palhinha;
  • Assume-se que a equipa adversária é frágil na 1a fase de Construçāo Ofensiva, logo canaliza-se (ou tentamos canalizar) o jogo adversário para o lado direito português, onde Bernardo e Bruno Fernandes (agora mais adiantado e a disponível para a primeira pressāo) pressionam até o Guarda-redes dar um chutāo na frente;
  • Protege-se, assim, Cristiano e Leāo para aquilo que as suas obrigações/tarefas ofensivas;
  • Mais, tendo o jogo canalizado para o lado direito português, permitimos, ainda, que a nossa transiçāo ofensiva possa ser feita pelo lado oposto, onde Leāo terá espaço e menor concentraçāo de jogadores;
  • Assume-se, ainda, que a equipa adversária fará uma pressāo mais alta e que, com 2 laterais como Cancelo e Nuno Mendes, as possibilidades de subirem no terreno e explorarem momentos ofensivos e de cruzamento vāo acontecer com maior frequência;
  • Novamente, voltamos ao tema das transições defensivas, onde voltamos a Palhinha.

Pois, eu nāo acredito em coincidências, e Ronaldo tem de jogar sempre.

Mas mais do que as premissas, o jogo resultou em diferentes conclusões.

Vamos começar pela defesa, onde jogar com 4 é, na minha opiniāo, uma exposiçāo excessiva a Pepe, Rúben e, inclusive, Palhinha. Jogar com laterais como Nuno Mendes e Cancelo, principalmente, colocam a nossa defesa numa posiçāo de enorme risco nos momentos de Transiçāo Defensiva e, até, no momento de Organizaçāo Defensiva. Tanto Nuno como, principalmente, Cancelo sāo laterais permeáveis no momento defensivo, que arriscam demasiado no desarme e que colocam (quando ultrapassados, como acontece frequentemente) a equipa em desequilíbrios desnecessários. Olhemos para a área portuguesa em momentos de cruzamento e vemos que existem, muitas vezes, situações de igualdade numérica (super perigoso!). Ou ainda, para proteçāo da linha defensiva, que os médios se juntam demasiado “dentro” e deixam a zona de penalty ou entrada da área totalmente descobertas (o golo da Chéquia diz-nos alguma coisa?). Depois, nos momentos de Transiçāo, uma vez que sobem os 2 de forma frequente e, muitas vezes, em conjunto deixam os espaços laterais totalmente descobertos. Nāo é por acaso que Palhinha vê amarelo e fica, claramente, limitado naquilo que é a sua principal funçāo. Por fim, grande exibiçāo da dupla Pepe-Ruben! Demonstraram uma total sintonia, liderança e sentido posicional, mas temo que contra adversários com maior capacidade poderāo ser poucos para reter as ofensivas adversárias.

No meio-campo, existem poucas dúvidas – jogar com 3 tornam Portugal muito melhor! Tanto Vitinha (que jogador!) como, principalmente, Bruno ficam muito mais tranquilos e capazes de acrescentar ofensivamente, fazer desequilíbrios em rupturas nas linhas adversárias, passes, cruzamentos e, inclusive, fazer golos. A entrada de Rúben Neves, depois do intervalo, permitiram a Portugal, mesmo partindo de diferentes competências, ter um elemento muito capaz taticamente nas 2as bolas (ao invés da capacidade física de Palhinha em percorrer metros e desarmar as tentativas adversárias de sair para o ataque), de controlo ofensivo e com capacidade de passe superior.

No ataque, e falando dos 3, conseguimos observar Bernardo e Leāo mais “fixos” na largura, permitindo mais diagonais interiores de Bruno e Cancelo, no lado direito, e de Nuno Mendes (quase em exclusividade) e, menos frequente, de Cristiano Ronaldo no lado esquerdo. Estas dinâmicas ofensivas de maior liberdade e largura máxima acrescentaram muito ao jogo português, sem dúvida!

Por último, para todos os que colocam em causa a presença de Cristiano Ronaldo no 11 de Portugal, algumas questões:

  1. Existe alguém melhor que Ronaldo para jogar? Se sim, quem? Gonçalo Ramos? Jota? Félix?
  2. Acham que o comportamento de um defesa adversário é impactado pela presença de Ronaldo? Ou seria igual se tivesse um dos nomes atrás referidos?
  3. Já se questionaram sobre a quantidade de golos feitos na pequena área, mesmo que por outros que nāo Ronaldo? Acham tudo inocente ou coincidência?

Pois, eu nāo acredito em coincidências, e Ronaldo tem de jogar sempre. Nāo tem de jogar todos os minutos, tal como nāo espero que seja só ele a fazer os golos ou assistências. Nada disso. Mas que é o melhor, faz todos os outros serem melhores e Portugal mais temível, sem dúvida alguma! 

No outro dia perguntaram-me: “Mas nāo achas que os outros se sentem sobrecarregados por terem que correr mais por causa de Ronaldo?” Eu respondi: “Sim, claro que sim. Mas para correrem o mesmo que ele têm de fazer 800 golos antes.”

Respeito, muito respeito.

Agora, o futuro?

Partindo do princípio que se mantém fiel ao seu estilo “camaleāo”, arrisco que o nosso selecionador Martinez vai apostar no seguinte 11:

  • Diogo Costa
  • António Silva
  • Danilo
  • Gonçalo Inácio
  • Nélson Semedo
  • Rúben Neves
  • Joāo Neves
  • Pedro Neto
  • Diogo Jota
  • Joāo Félix
  • Gonçalo Ramos

Veremos!


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