Já falei sobre isto antes, onde partilhei todo o meu respeito por vários treinadores (e atletas) portugueses que tornaram a Metodologia e os Treinadores portugueses conhecidos e reconhecidos em todo o Mundo.

Naturalmente, José Mourinho é a nossa maior bandeira quando se trata de Treinadores portugueses. Zero dúvidas em relaçāo a esta afirmaçāo. Comparar qualquer treinador com José Mourinho é, no mínimo, um desafio que nem todos estão preparados para enfrentar.

No entanto, Ruben Amorim apresentou uma forma muito diferente de fazer as coisas.

E vai-se dando bem!

Vamos começar do início e entender onde começam as diferenças.

Em primeiro lugar, Rúben Amorim, ao contrário de José Mourinho, teve uma boa carreira como jogador de futebol profissional, passando por clubes como o CF “Os Belenenses”, o SC Braga e, principalmente, o SL Benfica – onde reuniu a maior parte dos troféus conquistados durante a sua carreira. Além disso, Ruben Amorim não perdeu tempo à procura de uma função de Treinador Adjunto depois da sua carreira como jogador profissional. Na verdade, pouco mais de 1 ano precisou – segundo o site transfermarkt, aposentou-se do futebol profissional como jogador em 4 de abril de 2017 e ingressou no Casa Pia AC em julho de 2018, já como Treinador Principal aos 33 anos – para iniciar a carreira como Treinador. Iniciou, sem medos, num nível relativamente baixo (terceiro escalão português – equivalente à League One no Reino Unido ou à Primera Federation em Espanha). Aqui também é relevante perceber que José Mourinho, embora tenha existam dados como Treinador dos escalões do Futebol de Formaçāo do Vitória FC no final dos anos 80, iniciou a carreira de Treinador Principal no SL Benfica com apenas 37 anos.

Uma grande diferença aqui!!
Nāo pela idade, mas pela forma como o caminho se iniciou.

Até porque, Rúben Amorim ingressou no Sporting CP aos 35 anos (2 anos mais novo que José Mourinho) mas já depois de conquistar o primeiro título como Treinador Principal no SC Braga. Outra vez, o caminho foi muito diferente, mesmo tendo em conta as diferenças entre Clubes, os contextos de cada uma destas entradas nos Clubes grandes e o momento destes Clubes em cada momento.

Ambos evoluíram as suas carreiras de forma muito diferente, sendo o impacto de José Mourinho muito relevante a nível nacional – a sua passagem para o FC Porto aconteceu logo após 1 ano de saída do SL Benfica e, pelo meio, ainda conseguiu treinar o UD Leiria durante apenas 6 meses. O mesmo aconteceu com a sua exposiçāo a nível internacional, principalmente com as conquistas europeias com o FC Porto, que fizeram alavancar rapidamente a sua carreira rumo a um Chelsea FC pronto para fazer um grande investimento para se tornar campeão da Premier League.

Ruben Amorim desenvolveu um Estilo de Jogo que dispõe de múltiplas opções e variáveis ​​Ofensivas. Tantas que todos os Clubes ao longo do último ano consideram a equipa do Sporting CP a melhor e mais difícil equipa enfrentar, sendo cada vez mais dominante em campo. Mais impressionante, sem nunca perder a disciplina Defensiva!

Pelo contrário, apesar do percurso de Ruben Amorim no SC Braga ter sido bastante rápido, entrando no Clube para Treinar a 2ª Equipa em Setembro de 2019 e saindo do clube em Março de 2020 já com um título com a 1ª Equipa no bolso (!) Desde então, no entanto, tem sido muito consistente com a sua carreira, permanecendo no Sporting CP nas últimas 5 épocas (ou seja, desde a época 2019/2020). Nestas 5 Épocas, Ruben Amorim sagrou-se Campeão da Liga na Época 2020/2021, vencedor da Taça da Liga em 2021 e 2022 e vencedor da Supertaça de Portugal em 2022, num total de 4 títulos no Clube.

Neste momento, o Sporting CP está prestes a sagrar-se Campeão Nacional e estará presente na final da Taça de Portugal, enfrentando o FC Porto no final de Maio, no Estádio Nacional, em Lisboa.


“Não critique os melhores avançados do Mundo, porque acabam a calar a sua boca”.

Pep Guardiola

No entanto, as grandes diferenças estão tanto no estilo de jogo quanto na comunicação mediática. Embora as Equipas de José Mourinho do FC Porto fossem, igualmente, muito dominadoras e completas tanto Ofensivamente como Defensivamente, a partir de então as suas equipas deixaram de ser tāo dominantes na vertente Ofensiva, adoptando por diferentes estratégias Ofensivas ao longo dos anos e dependendo das equipas, mas com o foco principal no Momento Defensivo – em ter a sua equipa compacta defensivamente – e na prontidão das suas equipas nos Momentos de Transições Defensiva e Ofensiva, principalmente.

Rúben Amorim começou de forma diferente, completamente diferente para ser sincero! Implementou desde o início uma linha defensiva de 5 jogadores, proporcionando múltiplos apoios e cobertura na defesa e tudo foi construído a partir daí. A equipa que se sagrou campeã da Liga em 2021 era uma equipa muito compacta defensivamente e agressiva nas transições, mas não era definitivamente uma equipa conhecida pelo seu impacto no Jogo Ofensivo Posicional. A partir daí, Ruben ajudou o clube a implementar uma nova Estratégia de Transferências, comprando apenas jogadores claramente identificados com a abordagem Tática das Equipas e vendendo vários jogadores por valores recordes, desde Nuno Mendes, João Palhinha, Pedro Porro, Manuel Ugarte para Matheus Nunes e muitos outros, este ciclo no Sporting CP representa 5 presenças no Top10 de vendas da história do Clube (Bruno Fernandes foi vendido pouco antes de Rúben Amorim ingressar no Clube, embora na mesma Temporada). A par do sucesso na situação Financeira do Clube, Ruben Amorim desenvolveu um Estilo de Jogo que dispõe de múltiplas opções e variáveis ​​Ofensivas, tantas que todos os Clubes ao longo do último ano consideram a equipa do Sporting CP a melhor e mais difícil equipa enfrentar, sendo cada vez mais dominante em campo. Mais impressionante, sem nunca perder a disciplina Defensiva!

Exigiu o tempo e o ambiente certo em torno dele e do Clube, mas serve apenas para provar que Estruturas bem organizadas e uma comunicação estreita entre os diferentes Departamentos estão sempre mais próximas do sucesso.

Finalmente, a sua Metodologia e Estilo de Comunicação mediática são completamente diferentes. José Mourinho é conhecido pelos seus “Mental Games” e estratégias para aumentar a confiança ou provocar, tanto a sua própria equipa como das outras, o seu estilo provocativo foi sempre mais relevante e foi considerado um génio na matéria. Naturalmente, isso trouxe, para além de muita exposição, um tipo de relação de amor/ódio com a media e com os fãs. Nāo deixa, no entanto, de ser consensual que é uma figura impossível de ignorar.

Pelo contrário, a abordagem de Rúben Amorim foi (e ainda é) uma espécie de ar fresco na indústria do Futebol. Todas as suas conferências de imprensa parecem ser genuinamente respondidas, sem agenda por trás, sem estratégias ocultas, pensamentos profundos ou esforços de proactividade para alimentar quaisquer controvérsias, etc.
Os factos são simples, para mim, Rúben Amorim iniciou a sua carreira – de Treinador Principal – de forma mais controlada, começando por baixo e dando um passo de cada vez, teve capacidade para permanecer mais tempo num único Clube e teve capacidade para ser reconhecido por todos os adeptos (mesmo de equipas diretamente adversárias como SL Benfica e FC Porto) como um bom treinador. Mas nāo representa ódio. Por outro lado, José Mourinho partiu para um percurso diferente, permitindo-lhe estar em clubes de topo como Treinador Adjunto desde muito jovem e, já como Treinador Principal, ter um impacto imediato sempre em todas as frentes, desde a Metodologia de Treino, Comunicação de imprensa e media, títulos, etc., o que é bastante notável a todos os níveis. Naturalmente, esta exposição e estratégia traz algumas pedras amargas pelo caminho, especialmente quando o sucesso em campo e das equipas não anda de mãos dadas com as atitudes provocativas para com as Instituições ou os Meios de Comunicação do Futebol.

Acredito que estamos a assistir a uma nova era da Comunicação, onde Jogadores e Treinadores estão agora mais abertos e genuínos no que diz respeito às suas opiniões e mais conscientes do ambiente a ter no cenário Desportivo. Com certeza, estamos numa era mais exposta onde o acesso à informação está à distância de um clique e em primeira mão, sem necessidade de esperar por uma Conferência de Imprensa. Melhores exemplos são Bernardo Silva, Jude Bellingham, Kevin de Bruyne, Declan Rice, Erling Haaland, Ilkay Gundogan, Robert Lewandowski e muitos outros.

Mais política, talvez sim, talvez nāo. Menos provocativo, com certeza.

Independentemente do estilo de Comunicação, acredito verdadeiramente que Rúben Amorim tem tudo para se tornar um grande Treinador, o próximo Grande Treinador Português no palco Internacional!
Em relação a José Mourinho, embora acredite que fez algumas escolhas de Clubes no passado recente que custaram a sua capacidade de ter mais sucesso, eu usaria uma frase do seu maior rival Pep Guardiola (ao falar de Erling Haaland) para descrever o que penso sobre a sua carreira. Pep disse: “Não critique os melhores avançados do Mundo, porque eles acabam a sua boca”. Eu diria o mesmo de Mourinho, se ele tiver capacidade de escolher melhor.

E, se não for Mourinho, quem pode ter múltiplas opções para treinar?

Em resumo, para finalizar, para mim, sim! Rúben Amorim é o próximo Big Thing no meio dos Treinadores portugueses em todo o Mundo e (juntamente com boas escolhas de clubes) tem tudo para se tornar realmente importante!

Vamos apenas esperar e ver qual será o próximo passo.

Mas não vamos tirar José Mourinho de cena ainda.

Os maiores nunca acabam.


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